quarta-feira, 10 de julho de 2013

DA VENDA DE INDULGÊNCIAS (2)


Em comentário anterior, fiz algumas comparações entre fatos ocorridos no passado e as manifestações que ocorrem pelo Brasil. Numa destas comparações, fui até o motivo da Reforma de Martin Luther, ou seja, a venda de indulgências. Posso reafirmar que esta venda, ocorre também em formas diferentes daquela que abordei e que são praticadas em todas as esferas de governo.

Veja-se que, ante as manifestações populares que clamam pelo fim da corrupção, por melhores condições da saúde, da educação, dos transportes públicos, maior transparência e trabalho nas mais diversas instâncias do Poder.

A Presidente da República, numa verdadeira venda de indulgência, e sem sequer atentar ou ter visão e compreensão daquilo que o povo verdadeiramente quer, propõe a realização de uma consulta popular a respeito da diminuição do número de suplentes de Senador de dois para um, da forma de eleição dos Deputados, do fim do voto secreto no Congresso Nacional, financiamento das campanhas eleitorais (público ou privado), reeleição.

Proposta (plebiscito) gerada nos laboratórios palacianos, com a participação inclusive de marqueteiros, que, em primeiro lugar fere a própria constituição, seja pela forma (plebiscito), por quem propõe e pela matéria que se pretendia ser objeto da consulta.

Também, numa jogada de marketing, procurava-se transferir o problema, ou o “pepino”, como diria o popular, para o Congresso e sair dizendo que atendeu aos anseios da população.
Ledo engano. Solução de quem não vê, ou não quer ver o problema.
O povo jamais teve a pretensão da solução que lhe seria imposta.

Como Maycon Freitas afirmou na edição n. 2328 da Revista Veja, a Presidente “não pode mais continuar omissa. Precisa chamar a sociedade para um debate de verdade, e não esse que está aí. O que vimos a Dilma falar até agora não passou de marquetagem. Não é mexendo na Constituição que vamos avançar no Brasil, mas, sim, fazendo valer o que está escrito nela. E a presidente tem poder para fazer valer as coisas que estão escritas lá. Ela deve reunir os partidos e trabalhar para que eles também passem a ser mais transparentes. A velha e atrasada política brasileira ninguém aguenta mais.”

Esta a síntese do que deseja o povo. Transparência, seriedade, honestidade, trabalho, igualdade, saúde, educação, transporte, infraestrutura.

Como bem se vê as indulgências “vendidas” ao Brasil não representam a vontade popular, mas sim, verdadeiro estelionato praticado contra o povo.

Tem a Presidente a obrigação moral de, como a primeira representante do povo, atender às exigências e deixar de vender indulgências para obter apoio de partidos políticos que de há muito abandonaram seus ideais.

Deve deixar de apresentar propostas que premiam muito mais suas ideias e soluções palacianas e apresentar isto sim soluções que atendam aos anseios populares.

Chega de medidas eleitoreiras.

A tolerância do povo chegou ao limite. As manifestações populares estão a demonstrar.

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