Em comentário anterior, fiz algumas comparações entre fatos
ocorridos no passado e as manifestações que ocorrem pelo Brasil. Numa destas comparações, fui até o motivo da Reforma de
Martin Luther, ou seja, a venda de indulgências. Posso reafirmar que esta venda, ocorre também em formas
diferentes daquela que abordei e que são praticadas em todas as esferas de
governo.
Veja-se que, ante as manifestações populares que clamam pelo
fim da corrupção, por melhores condições da saúde, da educação, dos transportes
públicos, maior transparência e trabalho nas mais diversas instâncias do Poder.
A Presidente da República, numa verdadeira venda de
indulgência, e sem sequer atentar ou ter visão e compreensão daquilo que o povo
verdadeiramente quer, propõe a realização de uma consulta popular a respeito da
diminuição do número de suplentes de Senador de dois para um, da forma de
eleição dos Deputados, do fim do voto secreto no Congresso Nacional, financiamento
das campanhas eleitorais (público ou privado), reeleição.
Proposta (plebiscito) gerada nos laboratórios palacianos,
com a participação inclusive de marqueteiros, que, em primeiro lugar fere a
própria constituição, seja pela forma (plebiscito), por quem propõe e pela matéria
que se pretendia ser objeto da consulta.
Também, numa jogada de marketing, procurava-se transferir o
problema, ou o “pepino”, como diria o popular, para o Congresso e sair dizendo
que atendeu aos anseios da população.
Ledo engano. Solução de quem não vê, ou não quer ver o
problema.
O povo jamais teve a pretensão da solução que lhe seria
imposta.
Como Maycon Freitas afirmou na edição n. 2328 da Revista
Veja, a Presidente “não pode mais
continuar omissa. Precisa chamar a sociedade para um debate de verdade, e não
esse que está aí. O que vimos a Dilma falar até agora não passou de
marquetagem. Não é mexendo na Constituição que vamos avançar no Brasil, mas,
sim, fazendo valer o que está escrito nela. E a presidente tem poder para fazer
valer as coisas que estão escritas lá. Ela deve reunir os partidos e trabalhar
para que eles também passem a ser mais transparentes. A velha e atrasada
política brasileira ninguém aguenta mais.”
Esta a síntese do que deseja o povo. Transparência,
seriedade, honestidade, trabalho, igualdade, saúde, educação, transporte,
infraestrutura.
Como bem se vê as indulgências “vendidas” ao Brasil não
representam a vontade popular, mas sim, verdadeiro estelionato praticado contra
o povo.
Tem a Presidente a obrigação moral de, como a primeira
representante do povo, atender às exigências e deixar de vender indulgências
para obter apoio de partidos políticos que de há muito abandonaram seus ideais.
Deve deixar de apresentar propostas que premiam muito mais
suas ideias e soluções palacianas e apresentar isto sim soluções que atendam
aos anseios populares.
Chega de medidas eleitoreiras.
A tolerância do povo chegou ao limite. As manifestações
populares estão a demonstrar.
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